quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Parabéns "Nega véia"


Usa camisola de bonequinhas fofas

Faz mousse de maracujá, pudim e fricassê

Dá beijo estalados e abraços aconhegantes

Como só uma mãe pode fazer.

É debochada e "maquiavélica"

É doce e confidente

É emocionada com a vida

E me ama incodicionalmente.

Não importa teus problemas

O que possam falar a teu respeito

Eu te considero e te amo

E respeito o teu jeito.

Parabéns por este dia

do seu aniversário

Quero estar prensente

E fazer um bolo gostoso

Quando chegar o centenário!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Lili

Adoro a banda Cachorro Grande daqui de POA. Rock, sotaque gaúcho, letras legais fazem uma combinação que me agradam.

Adoro também minha amiga Lilian, a qual eu chamo de Lili. Eu estava aqui ouvindo a música "Lili" da banda Cachorro Grande e resolvi colocar a letra da música aqui no blog. Uma homenagem à banda e principalmente a minha amigona!

Lili tinha um jeito estranho
Dormia com um drinque na mão
Saia e rastejava pelo chão

Atrás de emoções baratas
Que a fizessem se sentir
Uma espoleta pipocando
Queria se sentir
Como a Greta Garbo on the Night Club

Lili via assombração
Filosofava no balcão
Temia atender o telefone
E ser quem não queria
Dormia só durante o dia

Queria explodir o mundo
Queria se sentir
Como a Greta Garbo on the Night Club
Como a Greta Garbo on the Night Club

Lili, Lili
Oh, Lili

Atrás de emoções baratas
Que a fizessem se sentir
Uma espoleta pipocando
Queria se sentir
Como a Greta Garbo on the Night Club
Como a Greta Garbo on the Night Club
Como a Greta Garbo on the Night Club


Obs.: A Lili da música não tem a ver com a minha amiga Lili, viu?! Foi apenas uma homenagem mesmo!

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Espelho Mágico


Nas férias, além de dormir bastante, comer muito e pegar sol nas praias catarinenses e gaúchas, eu também li. Não li muito não, não vou fazer média aqui. Comprei um Livro de Bolso do Mário Quintana há semanas e só agora resolvi abrir.

Fiquei impressionada com o talento dele. Eu já conhecia alguns poemas, e até seu quarto fui visitar na Casa de Cultura, antigo Hotel Magestic. Também visitara uma exposição no centenário dele lá na C.C.M.Q com meu primo. Quem não foi, perdeu!

Lendo o Quintana de Bolso, deparo-me com o título Espelho Mágico. Muito espirituoso este Quintana... Reparem:

Da observação

" Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio..."

Das corcundas

" As costas de Polichinelo arrasas
Só porque fogem das comuns medidas?
Olha! Quem sabe não serão as asas
De um Anjo, sob as vestes escondidas..."

Das utopias

" Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas"!

Da eterna procura

" Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada".

Da amizade entre mulheres

" Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal
For muito velha ou muito feia..."

"Pais" emprestados


Minha mãe estava solteira com 29 anos. E eu e minha irmã acompanhamos a sua vida de recém-separada desde então.

O primeiro namorado da minha mãe, depois de meu pai, foi um argentino mais novo que ela. Alto, moreno, bonito. Ele e minha mãe faziam um casal jovem e lindo. Minha mãe estava no auge da beleza, morena, alta, corpulenta. E ela ainda usava umas lentes verdes. Ficava ma-ra-vi-lho-sa!

Eu morria de ciúmes, fazia altos escândalos e cenas patéticas quando ele ia lá em casa. Uma vez ele dormiu lá no quartinho da empregada, pois a mãe nos respeitava um monte. E eu fui tirar satisfações com ela. Coitado dele, eu atazanava a vida amorosa deles. Passado uns anos, eles acabaram e foi ai que comecei a gostar mais dele.

Depois a mãe namorou um pai duma colega minha. Ele tinha um pouco mais de idade que ela. Foi bem legal, a gente foi acampar no Uruguai, ele com os filhos dele e a mãe e as filhas dela. Com este eu não tinha ataques de ciúmes porque ele era pai da minha amiga e também porque eu já estava mais crescidinha e minha mãe foi sempre muito discreta na nossa frente.

Eu e minha irmã achavámos graça pois ele tinha cacoete. Quando ele ficava nervoso, (e acho que isso acontecia com freqüência) ele balançava a cabeça freneticamente. Eu fazia que nem via, pois era o pai da minha colega de infância e o novo namorado da minha mãe. Quando estava só eu e a minha irmã debochávamos dele e o imitava para a nossa mãe, que mandava a gente parar com aquelas "bobagens".

O mais figura de todos foi um magricelo de bigode que não sei porque cargas d´água a mãe namorou ele. Todo mundo dizia que ela era muita areia para o caminhãozinho dele, e era mesmo. Ele parecia o Charles Chaplin, magro, baixo, moreno e com bigode. Só que o tamanho dele era o inverso de seu ego. Ele se achava o tal e aquilo tornava-se engraçado. Ele era separado também, tinha dois filhos rebeldes como ele. E era boêmio. Levava a minha mãe para tomar vinho pelos mais requintados restaurantes da cidade. Minha mãe dizia que ele ganhava bem, mas que estava sempre quebrado. A mãe e ele pareciam dois adolescentes, eles brigavam muito. Daí a mãe desligava o interfone e o telefone para ele não encher o nosso saco. Muitas vezes ele me ligava bêbado para falar que queria falar com ela, etc e tal.

Depois a mãe namorou um homem mais velho, com jeito de velho. Ele era todo sério educado. A minha irmã gostava dele e a mãe achava ele um exemplo de gente. Eu não achava lá estas grandes coisas. Ele era viúvo e professor de faculdade. Uma vez ele me deu uma apostila sobre a língua portuguesa bem completa que eu nunca li. Mas o mais divertido era quando sentávamos eu, minha irmã, minha mãe e ele para ver TV. Quando começavam as Vídeo Cassetadas do Faustão ele se matava rindo, soltava uma gargalhada que lhe tirava toda a severidade. Daí eu, minha irmã e minha mãe nos olhávamos e nos matávamos rindo da risada dele. E ele nem notava nada. E quanto mais ele ria, mais a gente ria também.

Hoje em dia a mãe está casada e este não deixa de ser uma figura à parte. Adora truco e a tradição gaudéria. A mãe que nunca gostou nem de música tradicionalista, hoje em dia vai até no acampamento farroupilha. Os dois têm tudo a ver e mesmo que eu não achasse isso eu não ia palpitar, pois o que mais quero é ver a mãe feliz da vida.

Ônibus da Imaginação


Paulinho pegava todos os dias ônibus para ir para escola. Passava pela roleta e sentava encostado na janela para poder ficar vendo a rua, os carros passando, as pessoas andando de um lado para o outro. E as vitrines das lojas de brinquedo.

Mas Paulinho também gostava de ficar olhando para dentro do ônibus e observar tanta gente que passava pela roleta, assim como ele. Os velhinhos ficavam lá na frente, com olhares meigos e jeito frágil. E as crianças como ele, os jovens e adultos vinham para o lado em que Paulinho estava.

Paulinho ficava surpreso com os tipos e biotipos de gente que se encontra por ai. Ele se divertia imaginando as vidas das pessoas que passavam por ele. Passou uma mulher gorda, pele negra, com baby look cor-de-rosa e legging branca e duas crianças junto com ela. As crinças eram menores que Paulinho e falavam com a mãe. E ela nem escutava o que eles falavam, o que ela queria era passar logo pela roleta e sentar. Paulinho imaginou que ela estava exausta, devia estar levando os meninos á escola. Assim como ele.

Depois passou uma guria magra e corcunda, cabelo loiro escuro, comprido e liso. A guria usava cinto metálico, blusinha preta, lápis preto no olho. E atrás dela vinha um amigo dela com camiseta preta de uma banda de música que Paulinho não cinhecia e gel no cabelo. Os dois tinham um olhar triste, e Paulinho pensou que eles podiam estar com sono, já que era cedo da manhã.

Logo passou uma mulher com unhas grandes, cabelo farto, bem arrumada. Ela tinha cheiro de perfume, quando ela passou, Paulinho sentiu até náusea de tanto que ela se perfumara. Ela estava de salto alto. Paulinho não entendeu como uma mulher tão chique andava de transporte público e pensou que ela devia estar economizando como ele, que tinha um cofrinho cheio de moedas.

Em seguida passou uma moça que Paulinho sempre via no ônibus, mas ele não sabia o nome dela. Ela tinha cara de assustada, cabelo moreno e óculos de grau. Ela não era gorda e nem magra e usava roupas pouco chamativas. Entre pessoas conversando e barulhos da rua, ela parecia estar ali solitária no ônibus junto com Paulinho. Ela ficava de pé, porque não tinha mais lugar para sentar. E ela parecia tímida, muito tímida. Até meio nerd. E Paulinho tinha curiosidade de saber se ela era aquilo que aparentava.

Andar de ônibus para Paulinho era uma diversão, ele ficava ali quietinho com a sua merenda e sua imaginação. As pessoas serviam como personagens para ele fazer a história que bem quisesse.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Bola pra frente!


Cansei de filosofar, hoje resolvi viver e ver no que dá! Tô cara-de-pau, tô assanhada. Quem não gosta de mim, pega a senha lá na entrada.

Sai da frente que hoje é meu dia, quero dançar e rir. Tenho tudo de bom aqui perto de mim, o que ainda não tenho, tá por vir.

Entra neste samba, se solta, a vizinhança está chegando para ouvir e cair na gandaia nesta roda.

Me maquiei e coloquei a minha saia mais rodada do guarda-roupa, porque eu não tô apenas animada, eu tô é louca!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Jornalista


29 de janeiro foi o dia do jornalista, ano que vem será o meu dia também. Nesta crise de identidade em relação ao jornalismo, eu estava a refletir sobre a minha futura profissão. Tentando dar algum sentido a ela e saber o que é, para mim, jornalismo, ou melhor, jornalista!

Jornalista para mim é a pessoa que tem uma lupa ao invés de apenas dois olhos. Ele enxerga o que muita gente não vê. E o detalhe para ele é mais importante, muitas vezes, do que o quadro geral. E ele gosta de dividir com os outros este mundo que ele mira através desta lupa que ele tem desde que se conhece por gente.

No dia 29 de janeiro, a Lara enviou para mim e os recém-formandos de jornalismo um e-mail com frases sobre o jornalismo.

Boas risadas e conclusões para vocês:

Alckmin, José Maria
O que importa não é o fato, é a versão.

Anônimo
Quando um jornalista quer se suicidar, sobe em seu próprio ego e se atira lá de cima (há uma versão com publicitários...).

Balzac, Honoré de
Os jornais são lupanares do pensamento. (prefácio de "Um Grande Homem da Província em Paris")

Beaverbrook, Barão ( magnata inglês, Lord )
Jornalismo é tudo aquilo que consigo enfiar entre um anúncio e outro.

Bismark, Otto
Jornalista é um homem que errou de profissão.

Bogart, John
Quando um cachorro morde um homem, isso não interessa, porque acontece com freqüência. Mas se um homem morder um cachorro, o fato torna-se notícia.

Bonaporte, Napoleão
Três jornais me fazem mais medo do que cem mil baionetas.

Chesterton, G. K.
Não foi o mundo que piorou. As coberturas jornalísticas é que melhoraram muito.
O jornalismo consiste basicamente em dizer "Lord Jones Morreu" para pessoas que nunca souberam que Lord Jones estava vivo.

Douglas, Kirk (em "A montanha dos sete abutres")
Se não houver notícias, vou lá fora e mordo um cachorro.

Lacerda, Carlos
(O jornalista tem de ) ver sem cessar de ver, e dizer incessantemente o que vê.
O ideal de separar informação de opinião é um ideal, quer dizer, existe na condição de nunca ser completamente atingido.

Liebling, A. J.
As pessoas não param de confundir com notícias o que lêem nos jornais.

McCartney, Paul
Falando das manchetes sobre sua morte: Se eu tivesse morrido, suponho que eu seria a primeira pessoa a saber disso.

Nietzsche, Friedrich
Não há fatos, só interpretações.

Prado, Décio de Almeida
Quem não sabe que a liberdade de imprensa produz abusos? Mas quem não percebe, igualmente, que a extinção de liberdade de imprensa produziria abusos muito maiores?

Stevenson, Adlai
Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo - e publica o joio.

Veríssimo, L. Fernando
Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.

Wainer,Samuel
Se você fizer um curso (de datilografia) é capaz de deixar o jornal para ganhar mais como datilógrafo (a João Leite Neto,"catador de milho")

Wilde, Oscar
O jornalismo moderno tem uma coisa ao seu favor: ao nos oferecer a opinião dos deseducados, ele nos mantém em dia com a ignorância da comunidade.

Zappa, Frank
Um repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever entrevistando gente que não sabe falar para pessoas que não sabem ler.

Fotografia

Em dias ensolarados: amigos

Em dias de chuva: cinema

Em dias nublados: travesseiro

Em dias de sol ardente: suco de melancia

Em dias de neblina: namorado

Em dias de vento: chocolate-quente

Em dias de trovão: paciência

Em dias secos: chuveiro

Em dias úmidos: toalha

Em dias floridos: fotografia


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Exposição


Saí do orkut, como mencionei num texto anterior, para não me expor. Encontrei no blog meu refúgio. Será????

Através dos textos, de cada olhar sobre algum fato, a escolha do próprio fato, estarei mostrando um pouco do que sou. A escolha das fotos também.

Em cada palavra mostro um pouco da Priscila, em cada ponto, vírgula, parágrafo.

No layout do blog, nos amigos blogueiros, demonstrarei um pouco de mim. Através de minhas histórias, fictícias ou não, você , internauta, me conhecerá.

Mas uma pessoa é muito mais do que ela escreve, me exponho muito aqui, mas não tudo.

Gestos, silêncios, olhares falam mais do que muitas palavras.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Marionete


E ela tinha medo de ser mal interpretada, e assim ficava calada quando algo a aborrecia.

E ela não entendia seus sentimentos, nem os acontecimentos, nem sabia lidar.

Pois queria agradar a todos a sua volta. Ser boa, e cada vez tornava-se mais boba.

Seguia os conselhos de todas as pessoas, mas não ouvia a voz de seu coração.

Tapava o sol com a peneira, se fazia de tonta, se fazia de interessante e cada vez mais fazia de conta ser quem não era.

Mentia tanto, que acabava acreditando em suas próprias mentiras, embora os outros não levassem tanto crédito.

E assim, seguia vivendo, sobrevivendo nas mãos da população, enquanto as suas permaneciam cruzadas.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Aos desesperados


"Virando a esquina há tristeza
Logo ali na rua dos fracassados
Se conseguir se desviar das lágrimas
Você me achará na Casa dos Desesperados"

Estava assistindo ao filme Johnny & June e me deparei com esta letra de música, a qual Johnny cantava lá pela metado da película. Johnny, a esta altura já estava fazendo muito sucesso. Mas sua vida pessoal estava deteriorando. Não dava atenção a sua família, e June, seu novo amor, não queria saber dele.

Reese Whitherspoon ganhou o oscar pela sua atuação, mas quem deveria ter ganhado era Joaquim Phoenix. Ele convenceu no papel de cantor rebelde e intenso. O espectador chega a ficar deprimido vendo ele passar por maus bocados. Dá desespero, mas entre uma droga e outra, entre uma burrada atrás da outra, ele canta.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Xavecando

Fui com um casal de amigos a uma festa na praia, de repente um menino chega próximo a mim e começa a conversar, passado alguns minutos ele pergunta de qual cidade eu sou e respondo:

- Sou de Uruguaiana.

Ele fala:

- Eu conheço Uruguaiana, fui algumas vezes lá com o meu pai. Lá caçam muito perdiz , né?

- Eu não sabia - Faço cara de surpresa.

- Sério que tu nunca viu? Lá todo mundo caça perdiz!

Minha expressão era de perplexidade, pois eu nunca tinha ouvido algo parecido sobre a minha cidade natal. E ele se entrega:

- É, eu caçava perdiz lá com o meu pai.

Eu continuei atenta às novas informações sobre Uruguaiana:

- Mas tem toda uma autorização de caçar tantos perdizes por mês e tal - Tentava explicar-se o menino.

- Mas o que vocês faziam com os perdizes? - Pergunto, já curiosa com este papo tão empolgante.

- Ah, a gente comia!

Falo que tenho medo dele, e apesar de seu jeito parecer inofensivo, saio em busca de meus amigos que já não estavam mais por perto.

Brilho no olhar

Hoje estava no centro porto-alegrense correndo para lá e para cá a pagar contas, fazer depósitos, levar documentos para tentar uma meia-bolsa de inglês. Andando rapidamente entre as pessoas que andavam igualmente agitadas ao meu redor, quando passo meus olhos e vejo um velhinho parado na calçada olhando para o outro lado da rua.

Sua boca estava entreaberta, seu rosto tinha uma expressão de contemplação e seu olhar tinha um brilho pouco comum. Minha mente curiosa fez eu mirar o outro lado da calçada para saber o que despertava tanta atenção naquele homem.

Ao avistar uma faixa no alto de uma sacada de um clube que parece existir há séculos na capital, entendi tudo. Na faixa estava escrito:

Bailão com música a noite toda.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Vício


Estava há anos no orkut, no início foi legal reencontrar amigos perdidos pelo mundo. Amigos na Europa, amigos na Argentina, amigos da época de criança, amigos em SC.

Depois iniciei uma desbravação pelas comunidades e lia muitos os tópicos. Lembro-me de uma tarde que fiquei lendo sobre o aeromóvel que ía ser construído em Porto Alegre e só ficou no papel. Minha mente curiosa sobre as coisas que acontecem ficou ainda mais aguçada. O orkut me deixava informada. Criei algumas comunidades as quais não fizeram grande sucesso.

Cansada de ler tópicos e mais tópicos, a minha diversão era mudar meus perfis e sempre escrever algo bacana neles. Era sempre uma tarefa difícil auto definir-me, pois acredito que palavras não definem uma pessoa, chegam quase perto, apenas.

Depois minha diversão passou ser a mudar meu album e colocar as melhores fotos.

Quando acabou meu namoro todos vinham perguntar sobre o ex na rua: "Tu não está mais com ele"? "Quem acabou, tu ou ele"? "Tu está bem"?

E percebia que o Orkut agora era meu inimigo, não era mais meu reduto de diversão e fuxico! Era um lugar aonde minha vida estava exposta até para quem eu mal conhecia.

Mas eu já estava viciada nele. Entrava todos os dias para ler meus scraps e ficava atualizando a página para verificar se não tinha scraps novos a cada minuto. Ficava fuxicando a vida do ex e de outras pessoas. E aquilo me deixava doente, demente, insana. Eu queria largar a droga que é o orkut, mas não conseguia.

Passei meses falando: "Vou sair do orkut". "tenho que sair do orkut". "Estou viciada no orkut".

Passado algum tempo tomei coragem e sai. Senti um alívio, senti que não precisava dele e lembrei que vivi 20 anos sem o tal de orkut. No início tive recaídas, sentia falta de logar no maldito e ás vezes pensava em fazer outro. Mas com o tempo fui sentindo cada vez menos a sua ausência em minha vida.

Agora minha droga é o Blog, acho que é um vício mais construtivo. Experimentem, é da boa!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Pais Separados

Eu e minha irmã brigamos feio. Ligo para meu pai para contar o ocorrido:

- Estou muito triste, pai, pois ela estava com muita raiva de mim e nos pegamos.

Pai escuta silenciosamente e depois dá a sua opinião sobre o fato:

- Pois é, ela é agressiva como a tua mãe.

Mais tarde ligo para a mãe , a fim de buscar ajuda, pois a mãe é o “chefão”, é quem a minha irmã mais nova mais ouve e respeita. Certamente a caçula ouviria a mãe. Depois de eu narrar a história da briga, ela dá o seu parecer:

- Ela é egoísta como o teu pai.

O Arquiteto


Havia dois porteiros naquele prédio, um jovem, robusto, pele morena, simpático e dinâmico. Dava atenção a qualquer morador que chegava pela porta de entrada e passava pela pequena cabine onde ele ficava a noite trabalhando. Permanecia atento a qualquer movimento, quando os moradores chegavam em seus carros ou de ônibus. Como se estivesse preocupado com aquela pessoa, a protegendo com seu olhar atento.

O outro porteiro tinha quase o dobro de idade do moreno, bigode farto e grisalho, óculos de grau e jeito mais acolhido. Ficava quase o tempo todo dentro da cabine, distraído em seu mundo. Quando os moradores chegavam no fim do dia de seu trabalho, ele mal percebia, muitas vezes as pessoas tinham que chamá-lo para ele abrir a porta de entrada, pois ele ficava de cabeça baixa, encolhido no seu jeito de ser. Talvez fosse o frio que estivera fazendo ultimamente, talvez fosse o sono de horas acordado à noite na lida. Eu nunca gostei muito dele, julgava-o incompetente, pois trabalhava com um enorme descaso. Chegava à noite da faculdade e, ao sair do ônibus, procurava dois olhos que estivessem atentos ao que lhe rodeava, mas não. Deparava-me com um porteiro apático e perdido em seus pensamentos. Muitas vezes tinha que pegar o molho de chaves lá no fundo da bolsa, pois ele não me enxergara a sua frente.

Sua atitude nunca mudava, e minha implicância com ele foi crescendo. Pensei em ir numa reunião de condomínio pela primeira vez na vida e desabafar meu desgosto. Mas será que só eu era a malvada que não gostava do pobre velho trabalhador?

Um dia, chegando de um passeio, ía tirando as chaves do bolso ao avistar, de longe, que não era o porteiro mais novo que estava lá. Como de costume, o grisalho não me viu quando estava abrindo a porta do condomínio e eu resolvi olhar atentamente para saber o que ele fazia lá dentro de sua cabine (assistir TV, dormir, fazer cruzadinhas?) e percebi que ele estava desenhando figuras geométricas.

Nossa!!! Tudo ficou claro para mim! O sonho dele era ser arquiteto e nenhum morador desconfiava. Ele sempre ficava trancafiado em sua cabine de um metro quadrado a devanear sobre os prédios que desenharia, os monumentos e obiliscos que projetaria. E em todas as noites que eu o julguei, ele estava a desenhar figuras que poderiam, um dia, ser uma fantástica obra. Ele adorava os prédios antigos da cidade e sempre na ida ao trabalho, observava da janela do ônibus as formas que eles tinham. Vira na TV prédios esculturais de Gaudí, e, desde aquela época, já sabia que o queria era ser arquiteto, mas dos grandes.

Ao visitar sua prima rica, se viciara no canal a cabo onde passava documentários e programas sobre prédios famosos do mundo inteiro. Muitas vezes ele ficava brabo, pois a prima não percebia que ele adorava assistir aquele canal, e trocava para as novelas globais. Logo, se despedia, voltava para a sua casa, tomava banho, bebia um café com bolachas e ía para seu rotineiro ofício de representar um porteiro.


Obs.:Esta crônica fiz em homenagem ao porteiro que mais me causou irritação. Hoje em dia, os dois porteiros citados acima não trabalham mais no meu prédio.

Alô, Brasil?


Estes dias li no jornal que os argentinos continuam protestando contra a construção de uma fábrica de celulose no Uruguai, na fronteira com a Argentina. Segundo os hermanos, a fábrica poluirá o rio Uruguai e causará danos ao meio-ambiente.

De acordo com a matéria, uma centena de ambientalistas fez uma manifestação pacífica no porto de Buenos Aires.

Há meses leio sobre este assunto e fico me perguntando porque os brasileiros não opinam sobre esta disputa. O rio Uruguai passa por cidades brasileiras também.

De um lado está o Uruguai sedento por investimentos, trabalho para milhares de pessoas, dinheiro e progresso. Do outro está a Argentina preocupada com o ambiente e os danos que uma fábrica fará ao rio e aos moradores que habitam suas margens.

A briga está acirrada entre Argentina e Uruguai, afinal o investimento é de US$ 1,8 bilhão, a maior na história desse país sul-americano.

E os brasileiros , de qual lado ficariam?

Lembrar é viver

Nós estávamos no nosso quarto da casa da praia, casa simples, mas é uma casa pelo menos. Mal cuidada, praticamente abandonada pelo o dono. Meu pai nunca mais foi para lá desde que se casou com a Martha. Mas continua sendo uma casa.

Nem sala a casa tem, os azulejos do banheiro estão caindo, o teto do quarto está despedaçando, mas é casa ainda. Os móveis estão velhos, necessitam de uma troca ou de um reparo. O canteiro está feio, algumas flores resistem a falta de atenção de seus proprietários. Mas continua sendo casa.

Pâmela eu eu estávamos no nosso quarto desta casa, onde tem dois beliches e uma cômoda com um espelho separando as camas. Duas cadeiras de madeira, uma janela e nada mais. Nada mais?!

O quarto no qual estávamos tem lembranças, mesmo com a lâmpada estragada que só acende quando quer, mesmo fazendo parte de uma casa aos pedaços, ele continua sendo quarto. Eu e Pâmela quando entramos naquela peça da casa, temos muitas recordações. De tudo o que já vivemos ali, várias fases de nossas vidas. Quando criança com nossos pais, só com o pai, quando ele já havia separado da mãe. Com a empregada e seus netos. Com as amigas. Com os namorados. Muitas risadas e fotos naquele quarto. Muitas roupas e bijuterias também.

Mas neste dia estava apenas eu e a Pan no quarto vazio, com colchões rasgados e fechaduras enferrujadas. Porém eu e a Pan enxergamos muito além daquele quarto vazio e empoeirado.

Despertando


Minha irmã sempre acorda e me surpreende, seja pelo bom humor, seja pela lucidez ao despertar ou então pelas caras que ela faz quando senta na cama após suas 12 horas de sono. Ela faz cara de louca, cara de perdida, mas quando fala, mostra que está bem esperta. Sempre solta alguma coisa engraçada, fala coisas sem nexo. Sempre surpreendendo pelo seu bom-humor e deboche.

Às vezes até me irrito, pois quando acordo sinto-me perdida e demoro um tempo para cair na real. E nossos humores chocam-se, e quando ela fala bobagens nem dou pilha para ela continuar.

Dias desses ela acordou e a primeira frase dela do dia foi:

"Sonhei que a Madonna tinha morrido".

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Dr Sabino


Devido às minhas emoções exarcebadas, meu estômago acaba sofrendo. E hoje acabei voltando à sala do Dr Sabino. Ele é quase um personagem de desenho animado de tão caricato que é. A primeira vez que consultei com o Dr Sabino, demorou muito para chamarem o meu nome. E depois de entrar na sala dele fiquei sabendo o porquê.

Entro em sua sala e lá está ele, com seus óculos de grau e sorriso de quem sabe das coisas pela experiência de vida. Alto, moreno, pele branca e cabelos escuros, sem um fio de cabelo branco ao meu ver. Em seu jaleco há um bordado perto do bolso escrito: Dr Sabino com letras em azul-marinho. Escreve tudo o que eu falo em sua máquina de escrever, com dedos certeiros e olhos atentos.

É minucioso, examina a minha barriga, explica como devo me alimentar e mastigar os alimentos, mostra-me uma ilustração de um aparelho digestivo humano. E depois marca a endoscopia. Anota em sua agenda o dia da endoscopia a hora e o local com cores diferentes de canetinhas.

Depois de meses sem comparecer em seu consultório, chego hoje e sou atendida na hora certa. É férias e as enfermidades dos pacientes devem estar tirando férias juntos com os mesmos. A secretária que me atende é outra, não é aquela senhora simpática e falante que me atendera. Sabino me recebe com um sorriso. Age do jeito que eu já conhecera anteriormente. Acho que se ele não fosse médico, podia ser professor. E eu fico ali observando seu jeito de ser... jeito de quem sabe, jeito Sabino.