quinta-feira, 30 de abril de 2009

Curriculum Vitae

O mercado de trabalho está ficando cada vez mais competitivo. Antigamente quem conquistava um diploma garantia um lugar ao céu, hoje que possui um diploma tem um lugar na fila para entrevista de emprego atrás, muitas vezes, de mais de mil pessoas.
- Priscila Almeida.
- Sou eu.
- Porque você quer este emprego?
Nessas horas meu estômago dava uma giro de 360 graus no interior de minha barriga.
Mas o pior é quando perguntavam:
- O que você gosta de fazer no tempo livre?
- Mmmmm, ler livros. (Que cara-de-pau eu sou!)
E acreditem, teve uma psicóloga que me perguntou se eu tinha namorado e o porquê de eu namorar com ele.
É claro que há respostas por trás destas perguntas que elas querem saber, que não são tão explícitas quanto parecem.
- Estou cursando jornalismo para entrevistar, e não ser entrevistada, queridinha, eu pensava.
- Quero este estágio para ter experiência, senão eu me formo sabendo só aquela teoria superficial da faculdade, “tá ligada”? Ah, também preciso do estágio para tirar uma graninha extra para ir ao cinema nos finais de semana.
É claro que eu não disse nada disso, mas como minto mal, passava por diversas entrevistas até achar alguém que não fazia tantas perguntas imbecis e me contratasse.
“O trabalho enobrece”, já dizia o ditado. E acredito que este seja universal. Trabalhando nos sentimos úteis, nos distraímos de nossos problemas, vimos o quanto somos capazes, nos desafiamos, crescemos e ganhamos o nosso próprio dinheiro. Sem precisar pedir ajuda para pai, mãe, irmão, vizinho ou dar explicação a alguém. Essa, eu diria que é a melhor parte. A liberdade que ganhar seu próprio ganha-pão lhe dá.
- Vamos viajar no feriadão?
- Vamos.
- Com o teu carro ou o meu.
- Tanto faz.

sábado, 25 de abril de 2009

Um

De gostosa à gorda

um quilo

De amiga à inimiga

um homem

De triste a alegre

um carinho

De ridícula à sensata

um pensamento

De doce à amarga

um ponto de vista

De esperta à burra

um copo de cerveja

De amor ao ódio

uma palavra

Do interesse ao desânimo

um silêncio

Da vida à morte

um minuto.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pisando na merda


- Niceee, pisei na merda.

- Hahahahahahahaha, limpa ali na grama.

E lá estava eu friccionando minhas sandálias prateadas no canteiro na frente da casa de Nice.

- Olhe só como a minha noite está começando, eu disse.

Mal eu sabia que muito estava por vir. Entramos no carro e o irmão da Nice nos levou para a balada.

Três copos de cerveja foram suficiente para meu psicológico remexer e eu ficar um pouco nostálgica e com a sensação de não saber meu papel no mundo, meu propósito no Planeta Terra.

Bato um papo cabeça com Nice no banco do banheiro, enquanto eu me recupero de meus fanstamas sentimentais, ou melhor, do álcool.

Saio do banheiro e vejo logo em frente no bar, o menino que ando saindo. Quase dois metros de altura, olhos azuis e grandes, magro, bem vestido, simpático, inteligente.

"Vou fazer que nem vi ele, afinal ontem e hoje ele disse que iríamos sair e nada, sumiu do mapa. Ora, mesmo um pouco bêbada, sei meu valor", penso.

Vamos para pista de dança e penso que em instantes o gatinho se deslocará do bar para lá.

Tunti , tunti, tunti, tunti, tunti...

Nice, seu irmão e amigos estão animados, não posso dizer o mesmo infelizmente. Mas tento ao máximo parecer que estou bem com o fato de ter sido enrolada há dois dias pelo broto.

"Changes in my life..." "Infinity, Infinity..." E a música toca e as luzes se acendem e apagam, fazendo a pista ferver e o pessoal dança freneticamente.

De repente olho para o lado e lá está a cena da noite, meu rolo aos beijos com a ex namorada dele. Que lindo! O amor é lindo! Só o que não foi nada linda foi minha auto estima naquela hora, minha garganta arranhava palavras de ódio. Porque fui tão idiota em acreditar em alguém que mal conhecia!

"You are hot and you are cold, you are yes and you are no..." e a música segue, meus amigos dançam, o Paulo faz coreografias engraçadas.

E me recordo, então de como a minha noite começou e logo me dou conta que não tinha como acabar diferente.