segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Ônibus da Imaginação


Paulinho pegava todos os dias ônibus para ir para escola. Passava pela roleta e sentava encostado na janela para poder ficar vendo a rua, os carros passando, as pessoas andando de um lado para o outro. E as vitrines das lojas de brinquedo.

Mas Paulinho também gostava de ficar olhando para dentro do ônibus e observar tanta gente que passava pela roleta, assim como ele. Os velhinhos ficavam lá na frente, com olhares meigos e jeito frágil. E as crianças como ele, os jovens e adultos vinham para o lado em que Paulinho estava.

Paulinho ficava surpreso com os tipos e biotipos de gente que se encontra por ai. Ele se divertia imaginando as vidas das pessoas que passavam por ele. Passou uma mulher gorda, pele negra, com baby look cor-de-rosa e legging branca e duas crianças junto com ela. As crinças eram menores que Paulinho e falavam com a mãe. E ela nem escutava o que eles falavam, o que ela queria era passar logo pela roleta e sentar. Paulinho imaginou que ela estava exausta, devia estar levando os meninos á escola. Assim como ele.

Depois passou uma guria magra e corcunda, cabelo loiro escuro, comprido e liso. A guria usava cinto metálico, blusinha preta, lápis preto no olho. E atrás dela vinha um amigo dela com camiseta preta de uma banda de música que Paulinho não cinhecia e gel no cabelo. Os dois tinham um olhar triste, e Paulinho pensou que eles podiam estar com sono, já que era cedo da manhã.

Logo passou uma mulher com unhas grandes, cabelo farto, bem arrumada. Ela tinha cheiro de perfume, quando ela passou, Paulinho sentiu até náusea de tanto que ela se perfumara. Ela estava de salto alto. Paulinho não entendeu como uma mulher tão chique andava de transporte público e pensou que ela devia estar economizando como ele, que tinha um cofrinho cheio de moedas.

Em seguida passou uma moça que Paulinho sempre via no ônibus, mas ele não sabia o nome dela. Ela tinha cara de assustada, cabelo moreno e óculos de grau. Ela não era gorda e nem magra e usava roupas pouco chamativas. Entre pessoas conversando e barulhos da rua, ela parecia estar ali solitária no ônibus junto com Paulinho. Ela ficava de pé, porque não tinha mais lugar para sentar. E ela parecia tímida, muito tímida. Até meio nerd. E Paulinho tinha curiosidade de saber se ela era aquilo que aparentava.

Andar de ônibus para Paulinho era uma diversão, ele ficava ali quietinho com a sua merenda e sua imaginação. As pessoas serviam como personagens para ele fazer a história que bem quisesse.

3 comentários:

matheuscpn disse...

Clássico! Garanto que Paulinho ficava sentado olhando as pessoas e pensando o que iria postar no blog. Amiga, andar de ônibus e ter um blog: post do dia.
Quando eu andava de ônibus eu tinha essa mania de ficar imaginando o futuro de cada pessoa, tipo como ela ia morrer, se ela ia ter filhos, sempre alguma tragédia. Bem idiota, mas naquela época não existia o ipod....

matheuscpn disse...

Falando em tragédia, acho que minhas viagens de ônibus poderiam ser definidas "Expresso para o Inferno" ou "Busão do Satã" hahahahaha

Priscila disse...

Hahahha, a tua cara as definições das tuas viagens de busão! Vou ter que comprar um ipod então!Hhihihihi