sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Textos
Abraço a todos!
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Dezembro: o lado ruim de Porto Alegre
Voltei há pouco mais de um ano de Porto Alegre, onde morei seis anos na época da faculdade. Volta e meia me pego recordando da capital gaúcha, a qual eu aprendi a gostar e amar aos poucos, enquanto ia conhecendo os milhares de lugares e pessoas especiais. Até hoje telefono para amigas que fiz por lá, amizades que guardo no fundo do peito, pois estas sim conheceram, a Priscila como ela é, não a filha do fulano, neta do ciclano, a que estudou em tal colégio ou aquela que dançava jazz em tal lugar.
Para ser sincera, eu lembro quase todos os dias desde que voltei para cá da minha vida em Porto Alegre, momentos de descobertas, estudos, crescimento, divertimento, quebra de paradigmas, um mergulho num mundo novo, totalmente desconhecido até então. Muitas vezes eu resmungo que tenho saudade das festas de lá, dos amigos, do burburinho, dos eventos culturais e sociais que preenchem aquela cidade e enchiam minha cabeça de criatividade e minha mente de pensamentos.
Mas de uma coisa eu não tenho saudade de lá, do mês de dezembro. Além do clima quente, a cidade ficava mais vazia e violenta. Época de natal sabe como é, todos querem garantir um presente para a família, é claro. Inclusive quem não tem condições de comprar algo. Recordo que me sentia insegura ao andar pelos shoppings e ruas porto-alegrenses neste mês. Os jornais estampavam notícias e fotos sobre assalto a bancos, joalherias e outros setores do comércio. Com certeza a cidade ficava mais violenta que no resto do ano.
E este sentimento de insegurança se misturava ao sentimentalismo que recai sobre nós nestas datas comemorativas. Tudo isso, mais a vontade de mudar esta situação de diferença social de nosso país, que faz com que os menos favorecidos apelem para assaltos e violência. Realmente o mês de dezembro na capital era tenebroso. Já os outros, eu guardo com enorme saudade e maravilhosas lembranças.
Entrevista
O Jornal Tribuna entrevistou Rita Ma Rostirolla, que realizará cursos sobre performance sexual feminina, entre outros assuntos de 24 a 26 deste mês em Uruguaiana. A seguir, você poderá entender um pouco mais sobre os mistérios da sexualidade dos casais do século XXI, através das palavras da primeira sex personal trainer do país, que atua há mais de 10 anos na área, realizando palestras e cursos em todo o Brasil.
Jornal Tribuna - O que levou você a seguir esta profissão?
Rita - Foi sem querer, pois costumava dar dicas e toques para amigas e conhecidas sobre postura, dança e comportamento com os homens. Fazia tanto sucesso entre elas que mulheres de outras cidades começaram a formar pequenos grupos e me chamar pra ensiná-las a fazer strip-tease para seus maridos. O que era uma brincadeira, com o passar do tempo virou uma profissão, sou considerada a primeira sex personal trainer do Brasil.
JT - O sexo atualmente está mais explícito na mídia. Você acredita que dentro de casa o sexo mudou muito também?
Rita - Não acredito que esteja mais explícito dentro de casa, porém os casais estão mais abertos e preocupados em melhorar sua intimidade, o que é um sinal muito positivo. Hoje, com toda essa informação, tanto homens como mulheres podem tirar proveito para aprimorarem sua performance, porém tem o lado negativo com a banalização com que o sexo tem sido encarado muito na mídia, causando danos muitas vezes irreparáveis numa relação.
JT - Direitos sexuais de homens e mulheres sempre foram distintos. Você acredita que as mulheres avançaram em relação à liberdade sexual de uns anos pra cá? Por quê?
Rita - Com certeza sim. Nesses 13 anos de trabalho a mudança é sensível no comportamento das alunas. Há uma década a maioria das mulheres que me procurava era casada e queria aprimorar suas técnicas para satisfazer mais "seu parceiro", ou algumas para tentar "salvar "seus casamentos, poucas iam por causa própria. Hoje o número de casadas ainda é grande, mas muitas mulheres trazem suas filhas ainda virgens para as palestras, mulheres maduras, divorciadas, viúvas ou numa nova relação também me procuram com frequência e cada vez mais mulheres jovens e solteiras fazem parte desse grupo, e quer saber o por quê? Porque estão preocupadas com o seu prazer e não o prazer do parceiro. A mulher está voltada pra ela, o que é muito bom para os homens, pois uma mulher mais independente, bem resolvida e feliz com seu corpo, com certeza será mais desinibida entre quatro paredes.
JT - Qual é, hoje, a maior dificuldade feminina e masculina em relação à sexualidade?
Rita - As mulheres se queixam muito da dificuldade em atingir o orgasmo em alguns períodos, isso quando não é rotineiro! Também se frustram muito por não terem o retorno esperado de seus parceiros no campo afetivo.
Os homens se queixam muito da falta de vontade da parceira, da frequência sexual que poderia ser maior e muitos querem ajuda para "soltar" suas parceiras, que vem de uma criação repressora.
JT - Na sua palestra você aborda sobre o que é ser sexy. O que é ser sexy?
Rita - Ter atitude. Uma mulher com atitude é naturalmente sexy, independente de sua idade ou tipo físico. Ela se gosta do jeito que é. Mulheres geralmente confundem, acham que para ser sexy precisam ter tal peso, tal altura, idade ou cor de cabelo. As mulheres mais sensuais que conheço estão longe dos padrões de beleza que a mídia mostra e simplesmente exalam sensualidade pelos poros.
JT - Quais são as principais armas de sedução de uma mulher?
Rita - O olhar, a forma como ela movimenta seu corpo e seu cheiro.
JT - O que o um casal precisa para ter uma vida sexual satisfatória?
Rita - Se comunicar melhor. Homens precisam entender que nós, mulheres, somos auditivas e sinestésicas, ou seja, que precisamos ser ouvidas e necessitamos de toques afetuosos durante o dia para que fiquemos mais estimuladas sexualmente à noite. Mulheres precisam entender que homens são visuais, que diferente de nos, eles precisam ver e pronto! Inclua nisso, acender a luz, usar lingerie mais sexy e não aquela calcinha velha com o elástico solto! Geralmente isso vale mais que mil palavras para um homem!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Use isto ou livre-se
Quando estudei inglês no Canadá a professora canadense Vivienne comentou que quando criança aprendera algumas palavras em português. No entanto, por não conversar nesta língua, esqueceu-se da maioria do vocabulário do idioma. E avisou a nós, alunos de inglês, “Use it or leave it” (algo como “use isto ou livre-se”).
Foi nesta mesma época que eu comecei a pegar alguns livros na língua inglesa. Lembro-me do livro chamado “Rainforest”, o que para nós significa a Amazônia. O livro de fácil leitura me mostrou a diversidade encontrada naquele tipo de floresta – que existe em outras partes do mundo como Ásia, Austrália e África.
Fiquei surpresa ao saber, lá no Hemisfério Norte, que a Amazônia possui de 5 a 7 mil espécies de animais vertebrados, 15 a 20 mil espécies de plantas superiores e 1 milhão a 10 milhões de animais invertebrados. E que lá sobrevive uma população indígena de 256 mil pessoas que falam entre 170 a 180 línguas diferentes.
O mais interessante foi aprender como funciona a floresta, na qual chove praticamente todos os dias e possui um clima quente e úmido. A dificuldade para a entrada de luz pela abundância de copas faz com que a vegetação rasteira seja muito escassa na Amazônia, bem como os animais que habitam o solo e precisam desta vegetação. A maior parte da fauna amazônica é composta de animais que habitam as copas das árvores, entre 30 e 50 metros. Entre as aves da copa estão os papagaios, tucanos e pica-paus. Entre os mamíferos estão os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.
O solo amazônico é bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Apesar disso, a flora e fauna mantêm-se em virtude do estado de equilíbrio atingido pelo ecossistema. O aproveitamento de recursos é ótimo, havendo mínimo de perdas. Um exemplo claro disso está na distribuição acentuada de * micorrizas pelo solo, que garantem às raízes uma absorção rápida dos nutrientes que escorrem a partir da floresta, com as chuvas. Também forma-se no solo uma camada de decomposição de folhas, galhos e animais mortos que rapidamente são convertidos em nutrientes e aproveitados antes da **lixiviação. A diversidade de frutas e animais é gigantesca e por causa disso é que a “Rainforest” é conhecida pelos gringos como “jewels of the Earth” e “world's largest pharmacy” (Jóia da Terra e Maior Farmácia do Mundo, respectivamente).
Parece que os gringos estão mesmo interessados no assunto, 37% dos artigos científicos sobre a Região têm pelo menos um autor brasileiro. Há 20 anos, o ex vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, afirmou: “ao contrário do que os brasileiros acreditam a Amazônia não é prioridade deles, ela pertence a todos nós”. A Amazônia será tema da 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CPO-15) que irá ocorrer entre os dias 7 a 18 de dezembro em Copenhague neste ano.
Parece que a professora de inglês estava certa. Se nós, brasileiros, detentores da maior parte (60%) desta riqueza natural que é a Amazônia, não a utilizarmos de forma correta, através de pesquisas e combate ao desmatamento, os países desenvolvidos tomarão conta. E depois não digam que eu não avisei o ditado muito comum dos gringos: “Use it, or leave it”.
* Micorrizas – é uma associação simbiótica entre certos fungos e raízes de algumas plantas.
** Lixiviação - é o processo de extração de uma substância de sólido através da sua dissolução num líquido.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Crônicas
Acompanhem o blog:
http://tribunadeuruguaiana.blogspot.com
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Livro para todos os lados
Na última quinta-feira comemorou-se o Dia Nacional do Livro e na sexta-feira começou a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre. Outubro é livro para todos os lados, quem sabe é hora de recordarmos nossas melhores leituras, ou até mesmo começar a ler aquele livro que há tempos estamos namorando. Lembro-me que Menino de Engenho de José Lins do Rego foi um dos primeiros livros que li na época da escola. Era encantador o modo como o autor narrava a vida simples do engenho. Quase sentia o gosto do leite que o personagem principal tomava.
Já a Feira do Livro de Porto Alegre é algo um tanto mágico para mim. Quando morava na capital na época da faculdade fazia questão de ir com minhas amigas até a feira. É delicioso visitar um evento a céu aberto na calçada da Praça da Alfândega que reúne gente de tudo que é raça, credo, cor e idade. Neste ano, a feira que segue até 15 de novembro, além dos 160 expositores desta edição, apresenta diversas atrações paralelas: a sessão de autógrafos, oficinas, mesas redondas, sessões de cinema gratuitas e comentadas, seminários, saraus. Além de atividades relacionadas ao país homenageado neste ano, a França e o Estado homenageado, Santa Catarina. Com certeza vou dar um jeito de dar um pulo até lá, mesmo que seja um “pulo” de mais de 600 km.
Até lá, ficarei recordando os momentos felizes que passei nas outras Feiras do Livro. Uma vez participei de uma palestra sobre crônicas que fazia parte da programação do evento. Os palestrantes eram os jornalistas David Coimbra, Claudia Laitano, Cristiane Finger, Paulo Santana, dentre outros. Eu não era muito fã do Paulo Santana, mas quando ele pegou o microfone, cantou, falou com emoção sobre escrever crônicas, vi o tamanho de seu carisma e potencial de comunicador. Foi muito calorosa sua explanação.
Outra vez fui até a feira com a Kathy, ela trabalhava na ala infantil do evento vestindo-se de palhaça para a menina. Após trabalhar, fomos tomar algo no Cais do Porto, ainda na área infantil. Quando ela veio com duas taças de champagne eu só tive que prestigiar o resto, o ambiente que era super descolado, com mesinhas bonitas e muita gente jovem, além do pôr-do-sol no lago Guaíba que estava ao nosso lado. No outro dia, fui sozinha correndo até a feira comprar um livro, já que no dia anterior foi só festa.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Dia do Vai à Merda
Quando nós, sexo “frágil”, conquistamos nossa independência, nunca imaginaríamos que mais trabalho teríamos ao sair de casa; afinal ser gerente de uma empresa e ter uma família para cuidar exige muito mais do que só ter filhos para criar. Fora isso, queremos estar sempre bonitas, mesmo que lá em casa o guarda-roupa esteja uma bagunça e que a gente esteja devendo no salão de beleza e que o clima com algum parente não esteja dos mais tranqüilos. Na realidade, nesses mundos modernos, parece que o mundo lá fora exige de nós cara de Monalisa eterna, mesmo quando nada vai muito bem, como se nunca pudéssemos descer do salto alto e relaxar.
Pensando nisso, eu defendo a criação do Dia do Vai à Merda. Acordou com preguiça e não sabe o que usar nos pés para ir ao trabalho, coloca aquele sapato sem salto, bem confortável, lavou o cabelo e não acha a chapinha, inventa um penteado novo ou aceita de vez esse cabelo encaracolado. Sua amiga que sempre te procura apenas quando briga com o noivo, te fazendo ouvir todas as histórias por horas, manda ela catar coquinho no asfalto. O colega de trabalho que sempre solta piadinhas inoportunas para você, fala para ele que vá cuidar daquela pança enorme. Teu namorado sai para jantar contigo e fica de papo com o amigo que está junto e a deixa em segundo plano, beija ele depois de comer aquela pizza cheia de alho e óleo.
O Dia do Vai à Merda será o dia mais feliz de todos nós. Abaixo os engomadinhos, engravatados e suas maletas. Fora as poses, o exibicionismo e o gel. A vida é muito curta para levarmos ela tão a sério.
O realismo estampado num filme
Há filmes que não são de todo bons nem ótimos, mas que valem a pena serem assistidos, seja pelos seus diretores, sua fotografia, trilha sonora ou atores. Para mim, se algum desses ingredientes mandar bem na película, já está valendo. Mas não foi bem isso que aconteceu quando assisti “Margot e o Casamento” do diretor Noah Baumbach (2007).
Durante os 95 minutos do longa-metragem, era difícil se familiarizar com aqueles personagens frustrados, aqueles adultos inseguros e infantis. Ao longo da trama, ia me dando conta que o que dizia na sinopse, atrás da capa do DVD, não tinha nada a ver com o que imaginara. Quando aluguei “Margot e o Casamento” achei que o filme contaria, de uma forma doce e prazerosa, a relação de duas irmãs que não se viam há tempos. Que nada, que erro.
Duas irmãs se reencontrarem na casa onde moraram quando crianças e que uma delas morava atualmente com o futuro marido. Ambas se dão bem em partes. Quando Margot (Nicole Kidman) está a sós com seu filho (Zane Pais), fala mal da irmã e dedura a mesma ao adolescente. O futuro marido de Pauline, Malcolm (Jack Black) é um artista frustrado, que não sabe o que quer da vida e parece mais uma criança sonhadora. Pauline (Jennifer Jason Leigh), por sua vez, é insegura e fica incomodada com os comentários maldosos da irmã sobre seu futuro casório. E assim, o filme se desenrola mostrando o relacionamento entre familiares.
A cena que mais me chamou a atenção é quando Margot critica gratuitamente seu companheiro filho, fazendo-o chorar. Noutra cena, mais adiante, a mesma diz que naquele momento em que o criticou nunca havia o amado tanto.
O filme não era nada do que eu pensava, tampouco algo doce e prazeroso. Mas segui até o final, vendo Kidman num personagem nada glamourioso como os de costume. Sua personagem é uma escritora controladora e neurótica.
“Margot e o Casamento” mostra a condição humana, as fraquezas de um modo nada dramatizado. As relações familiares tais quais elas são, com seus altos e baixos. Num dia-a-dia que mal percebem o quanto se amam. E foi exatamente isso que achei interessante na película, a sua realidade exacerbada. Tudo tão verdadeiro, quando a arte realmente imita a vida.
O prazer de “cronicar”
Quando não tenho um tema em mente, abro o Microsoft Word ou pego minha caneta e papel, e logo as palavras começam a surgir, a opinião, de repente, dá lugar a um vácuo que parecia existir. O texto logo preenche o branco do papel, e os sentimentos, sejam eles, de nostalgia, amor, decepção, dúvida ou entusiasmo vêm à tona. Tudo começa a fluir num instante único.
Crônica, segundo o dicionário, “é um tipo de texto jornalístico redigido de forma livre e pessoal”. A crônica, diferente de uma matéria jornalística, nem sempre trata de um fato, e quando o faz, mostra, mesmo que implicitamente, a opinião do autor. Não há regras, e sim, muita criatividade e estórias.
Foi na época do colégio que li a primeira crônica. Era da escritora Martha Medeiros, uma perita na arte de redigir sobre questões do cotidiano de uma forma envolvente. Em seguida, conheci os textos de Paulo Santana, Luiz Fernando Veríssimo e David Coimbra. E depois as do Jabor, Diogo Mainardi e Lia Luft. Cada um com seu estilo, seu jeito de abordar o tema e sua forma de prender o leitor.
Não está no Aurélio, mas crônica para mim, é uma forma de me expressar, de dividir questionamentos, vivências e opiniões. É na crônica que o leitor, de uma maneira ou de outra se percebe, se rebela, se esclarece, se questiona ou se emociona. Fico imaginando o leitor lendo e rindo, questionando, crescendo ou até chorando. Tantas emoções que umas pequenas linhas podem suscitar.
Uma vez me falaram que me exponho muito em minhas crônicas. Nem liguei, porque sei que esse é o (ínfimo) preço dessa atividade maravilhosa de “cronicar”.