sábado, 30 de maio de 2009

Orgulho de ser Nerd


Desde a época do colégio havia a turma dos mais populares e dos nerds, pessoas tímidas, quietas, anti-sociais, nada produzidas visualmente, óculos de grau, cabelo lambido, um certo ar de fragilidade, estudiosos. Este grupo era excluído das festas, era também alvo de deboche, passando por diversas situações constrangedoras devido à implicância de seus colegas e, por causa deste conjunto de fatores, nerds eram vistos como pessoas sem muita perspectiva de sucesso na visão da ingênua sociedade.


Com o passar dos anos, e a com a popularização da tecnologia, os nerds foram mostrando sua confiança, conhecendo outras turmas de nerds, até que em 2006 um grupo de espanhóis estipulou o dia 25 de maio como o Dia do Orgulho Nerd, em homenagem ao lançamento do filme Guerra nas Estrelas – Uma nova Esperança, em 1997. A partir daí, a turma mostrou ao mundo que são pessoas de auto-estima e até criaram um manifesto que estabelece os direitos dos nerds como o de não sair de casa, o de se manter virgem, não gostar de futebol e de dominar o mundo!

Entre os deveres estão o de tentar ser mais nerd que qualquer um, assistir um filme nerd na noite de estréia, comprar um livro nerd antes de todo o mundo, e nunca deixar de entrar em uma discussão de assuntos nerds.


Há quem diga que houve uma evolução do nerd, que são os geeks. Geek seria o nerd que sabe como se dar bem usando suas habilidades. Agora você deve estar se perguntando se é algum nerd ou conhece algum. O geek adora filmes como Star Wars, gibis, RPG, física, astronomia, vídeo game, jogos de computadores, internet, ficção científica, o livro “O Guia dos Mochileiros das Galáxias” de Douglas Adams, é geralmente especialista em algum assunto, gosta de tudo relacionado à alta tecnologia.


Antes de se desesperar por ser um nerd ou conhecer um, saiba que hoje ser um geek é cool e que existe muita gente nerd que se deu bem como Bill Gates, Steve Jobs, Quentin Tarantino, Kevin Smith. Andam dizendo por aí que até Barack Obama é um nerd por ser colecionador das revistas do Homem-Aranha e adepto da tecnologia. O diretor de comunicações do Google Brasil, Carlos Felix Ximenes disse nesta semana que o Google, (considerada a melhor empresa para se trabalhar pela revista Fortune) busca pessoas dedicadas, bons alunos, mas com facilidade de interagir. “O Google precisa de um geek social”, afirmou. Por isso, muito cuidado antes de caçoar de um nerd, pois eles querem dominar o mundo, e quem duvida que não?

sábado, 23 de maio de 2009

Espertinhos


Quando Getúlio Vargas e Agustín P. Justo firmaram tratado no Rio de Janeiro (1934) e depois em Buenos Aires (1935) para a construção da Ponte Internacional com o objetivo de estreitar as relações entre Brasil e Argentina, os então presidentes não imaginavam o tamanho de suas decisões. Ninguém deu conselho a Vargas do gênero:

- O Senhor sabe onde está se metendo? Ou ainda:

- Eu tenho a impressão que argentinos vão lotar nossas praias...

Que nada! Naquela época Vargas estava mais preocupado com os produtos como a madeira, café, couro e arroz que levavam dias para serem transportados a Paso de los Libres através de embarcações.
Não que o trajeto percorrido pelas embarcações fosse muito extenso, mas o grande problema estava relacionado com a logística anterior. As mercadorias chegavam em Uruguaiana de trem, eram descarregadas e logo transferidas aos caminhões. Quando estes chegavam próximo ao rio Uruguai, a mercadoria era transportada de forma braçal até o local das embarcações, onde eram, enfim, carregadas. Chegando do outro lado do rio, repetia-se todo o trajeto, mas desta vez, de modo inverso.
Agustín, em 1935 só pensava na quantidade de trigo, gasolina e óleos minerais exportaria para o Brasil. Não teve um sensato amigo que lhe falasse:

- As mulheres brasileiras vão enlouquecer os argentinos. Ou:

- Buenos Aires fica mais perto de Uruguaiana do que a capital da Província deles.

Getúlio Vargas e Agustín P. Justo estavam deslumbrados, maravilhados, agitados, empolgados, com a criação de um elo concreto entre os dois vizinhos.
Mal sabia Vargas quantas debutantes de Uruguaiana viajariam para a capital argentina em excursões anuais. Nem imaginava os inúmeros vinhos, sorvetes de “dulce de leche”, alfajores, massas, roupas em couro, quilmes, litros de gasolina, torrões, “copitos”, os brasileiros comprariam em Libres. Além das festas nas boates da cidade.
Agustín nem se ligara de quantos argentinos desfrutariam da costa brasileira, como Capão da Canoa, Cassino, Praia do Rosa, Laguna, Bombinhas e para os mais sortudos, Fortaleza, Porto Seguro e Salvador. Nem matutara sobre quantos argentinos conquistariam as donzelas do outro lado com o pronunciar de seu sedutor castelhano: “Hola, que tal”?
As duas autoridades sabiam que era uma boa idéia construir uma ponte, mas o presidente da Argentina, não pensara que as músicas em espanhol iriam cair no gosto dos uruguaianenses. Como iríamos gostar tanto de Chamamé e da cumbia, sem Vargas e Agustín? Como os correntinos iriam apreciar o samba e pagode nas baladas de Uruguaiana sem o projeto deles? Não passava pelas suas caixolas quantas palavras e costumes aprenderíamos com os correntinos e quantos deles prestigiariam nosso carnaval local.
Pois é... 62 anos se passaram desde a inauguração oficial da Ponte Internacional, e o tataraneto de Vargas deve estar tomando seu vinho de Mendoza, enquanto a família Justo programa suas férias no litoral gaúcho.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Show em Uruguaiana

Há um tempinho o jornal uruguaianense Tribuna vem publicando crônicas minhas, como estas duas últimas do blog.

No dia 30 de maio vai rolar um show promovido pelo jornal e o Clube Comercial, aproveitem!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Stand By


Nem tente chegar perto de mim com aqueles celulares com acesso à internet, blue tooth e vídeo, eu simplesmente sou avessa à tecnologia. Prefiro ganhar um enfeite feito por um artesão a um moderno I-Phone. Não posso negar que a tecnologia veio para nos ajudar e tornar nossas vidas mais práticas. O que se seria de mim ao visitar minha tia no 14º andar sem o elevador, ou ainda, pedir ajuda ao meu pai porque meu carro estragou no meio da estrada ao anoitecer sem celular? Não dá para negar os benefícios e a comodidade que a tecnologia nos proporciona.

No entanto, recordo que há séculos atrás, quando não existia nada disso, nem mesmo o tradicional telefone e a simples televisão, o homem era mais desenvolvido física e intelectualmente. Porque não nascem mais Eisteins, Galileus, Leonardos da Vinci? Porque não se constroem mais pirâmides do Egito e capelas sistinas?

No meu ponto de vista a tecnologia atrapalhou tudo, fez um alvoroço total. Crianças crescem assistindo televisão, desenhos animados onde só há violência e ganância ou ficam horas entretendo-se com jogos no computador e vídeo game. A televisão não as ensina a pensar e questionar, pois apresentam tudo pronto e mastigado. Aperta o ON, senta em frente à TV, pega um refrigerante, e assim passa a manhã toda.

Aumentam os casos de obesidade no mundo e o número de pessoas que fazem terapia: É tudo culpa da tecnologia que não deixa mais as pessoas saírem de casa, caminhar, sentar e levantar, ou seja, gastar energia, muito menos pensar. Toda criança agora deu para ser hiper ativa. Eu desconfio que de tanto tempo sem fazer nada, ela acaba ficando agitada demais uma hora ou outra. E as pessoas com problemas de depressão: Quando o lado intelectual e o cérebro não trabalham o que deveria, acaba deixando espaço para pensamentos ruins aparecerem.

Porque gastamos horas na academia correndo na esteira, e estica aqui e levanta um peso acolá. Às vezes me parece que isso não faz sentido nenhum. Eu lá levantando alteres, contando, um, dois, três. Depois vem a outra sequência. Aposto que os caras que construíram as pirâmides não precisaram de academia. O cara lá de cima nos deu habilidades e corpos saudáveis para alcançarmos o céu, criarmos maravilhas inimagináveis e ajudar quem precisa usando nossa energia física e capacidade intelectual. Parece que, com a tecnologia, usamos o mínimo de nosso potencial, ficamos a maioria do tempo em stand by. Por isso, saia com este palm daqui senão eu atiro pela janela.

sábado, 16 de maio de 2009

Para sempre mãe




Morei seis anos fora de Uruguaiana, me formei em jornalismo e retornei para a fronteira, e voltei a morar com a minha mãe. Fazia muito tempo que não sabia o que era dar satisfações quando chegava tarde de uma festa, não poder escolher a localização dos enfeites da sala, nem abdicar de ir ao supermercado e não escolher, assim, o que comprar. No início eu achava tudo muito estranho, não poder pendurar o espelho grande de madeira envernizada no corredor da casa porque minha mãe decidira que não, ter que ser simpática com a faxineira que ela contratara a meu contragosto. Eu perdera, de fato, meu poder de decisão.



Não era mais uma criança ou adolescente, eram duas mulheres com seus desejos, angústias, memórias, projetos, vitórias e manias frente a frente, vivendo sob o mesmo teto e disputando, de uma certa forma o seu espaço. Na verdade, logo me dei conta que não poderia reinar na casa da minha mãe e notei que no lugar de disputar poder com gente grande era melhor deixar passar, pois eram detalhes pequenos. Eu percebi que ela era a autoridade em casa e eu, uma simples filha.



E passados alguns meses me acostumei rapidíssimo da condição de filha e até aceitei aquele carinho nas costas que ela fazia quando eu era criança e do qual eu tanto gostava. Passei a adorar a faxineira e simpatizar com a marca de pasta de dente que minha mãe comprava. Quando estava preocupada com alguma questão do trabalho e precisando de um abraço, recebia um bem gostoso e cheio de amor da minha mãe.



Sei que nem todas as mães são iguais, umas são mais secas, outras mais melosas, umas mais sérias, outras mais engraçadas. Mas uma característica todas elas têm em comum: Não resistem em exercer o seu papel de mãe. Minha avó, por exemplo, esquece de tomar seu remédio do olho esquerdo frequentemente, mas não esquece de ser mãe. Ela faz o suco preferido do meu tio sempre que ele passa mal do estômago. E prepara do jeito que ele gosta, com uma colher de açúcar cristal. A mãe do meu ex-namorado costurou o terno e deixou-o estendido na cama do quarto dele para que ele tivesse o que vestir na festa. A mãe do meu padrasto percorreu mais de 600 quilômetros para visitá-lo em Uruguaiana e matar a saudade do filho. Tudo isso pelo amor incondicional que todas elas possuem.



Se um dia eu sair da casa da minha mãe, mesmo tendo meu emprego, marido e até meus filhos, eu vou adorar visitá-la e exercer meu papel. Porque elas amam ser eternamente mães, e nós amamos mais ainda sermos filhas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Aprendendo

Daí eu ando e tropeço

Daí eu falo e exagero

Daí eu decido e me precipito

Daí eu choro e alivio

Daí eu escuto e não gosto

Daí eu deixo e me arrependo

Daí eu vou em frente e recuo

Daí eu me machuco e sofro

Daí eu penso e compreendo

Daí eu ando e sigo

Daí eu vivo e cresço

Daí eu mudo e fortaleço

Daí acho a sintonia perfeita