quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal: Dia da família e da aceitação


Eu não entendo quando as pessoas vêm reclamar das festividades de Natal. Uns alegam que acham nada a ver passar o Natal com a família se durante o ano mal se vêem. Outros acham enorme falsidade passar esta data ao lado de pessoas que brigam e discutem o ano inteiro.

Na realidade, eu sempre gostei de Natal. Em primeiro lugar, eu adoro encontrar os familiares, ainda mais em momento festivo. Dar e receber muitos presentes, abraçar e desejar um bom natal a todos. Rever aquele primo distante e bonito que não tenho muito contato, fofocar com a prima querida. Depois tem a comida. Lá na tia Belquis sempre é uma fartura, várias guloseimas deliciosas. Peru, fricassê, salpicão, saladas e doces de dar água na boca.

Se você não vê há tempos os familiares, essa é a hora de ver, de contar as novidades, relembrar os velhos tempos, conhecer a criançada que surgiu no momento que você esteve longe. Lembrar que eles são importantes para você, mesmo estando longe, pois são suas raízes.

Se não gostar muito ou estiver de mal com alguém que esteja por lá, paciência. Família é assim mesmo. Temos que enfiar goela abaixo, afinal, não escolhemos ser do mesmo sangue. É o que nos foi traçado. Simplesmente aconteceu. É a data da aceitação, do perdão e do amor. Aceitar a nossa vida com ela é, nossos parentes com os defeitos que eles têm e abraçar sim todos eles na meia-noite. Por que a vida nem ninguém é perfeito. (Perfeito, apenas o chester que minha mãe faz no Natal com creme de ameixa, farofa e pêssego para acompanhar).

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Floresta de Macacos


Nunca entendia essa visão que outros países tinham de que nosso país é livre, selvagem, como se fosse uma enorme floresta onde tudo é permitido. Depois de conhecer o sistema de trânsito nas cidades canadenses e voltar para cá, acabei entendendo. Por lá, pedestre, por exemplo, não atravessa a rua em qualquer lugar, é apenas na faixa de segurança e quando o sinal está verde para ele. Mesmo que não venha carro algum ou algum agente de trânsito à vista, ele espera o sinal abrir. É inacreditável.

Há uma faixa de pedestre bem pintada e visível e semáforos para veículos e pedestres a casa esquina. Você, brasileirinho malandro, tente atravessar no meio da rua fora da faixa. Levará uma multa de cerca de 100 dólares. Mas você não fará isso, porque ninguém faz, iria chamar muita a atenção, seria constrangedor. Para não forçar o pedestre somente atravessar nas esquinas, há faixas no meio das ruas sem sinaleira alguma, apenas uma luz ao alto piscando para lembrar os carros de que ali a preferência é de quem está a pé. Eles parecem não esquecer disso nunca e reduzem a velocidade muito antes de chegar perto da faixa.

Essa organização e educação me assustavam um pouco, confundia com frieza e controle, pois no meu país, a Pátria amada e Mãe gentil, é permitido atravessar a rua em qualquer altura da calçada, “os carros que parem, eu sou preferência em qualquer situação”. Assim devem pensar os motociclistas quando ultrapassam pela direita e não respeitam os automóveis que estão na preferencial, dobrando rapidinho ou cortando a rua de fininho enquanto o carro vem em sua direção.

Os condutores aqui parecem disputar espaço com os pedestres – não é à toa, quando nenhum deles sabe seus limites e não contam com razoável sinalização e fiscalização. Ainda tem os motociclistas e ciclistas, tudo amontoado, cada um lutando pelo seu espaço, onde a pressa de cada um está acima da vida. É uma verdadeira selva, onde animais brigam pela comida sem regra e sem lei. Mas, nessa luta incansável ninguém vence. O que se vê é a perda diária de vidas de pessoas que não tem nada que ver com esta floresta de macacos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Papai Noel da Fronteira?


Não, este não é papai noel da Fronteira, é apenas um uruguaianense que me chamou a atenção na tarde de ontem. Tirei uma foto dele sem saber, e depois, aos risos, pedi para tirar uma a ele, que fez até pose.

- O sr. é roqueiro??

- Não.

- Mas porque este cabelo comprido?

- Porque gosto. E sabe com o que eu lavo? Com sabão em barra de côco. Fica um brilho só. Hoje ainda não, mas amanhã...

- O sr. não tem nenhum ídolo em quem se inspirou?

- Sim, um roqueiro uruguaio.

Ah, agora sim, pensei.

O motorista aposentado ainda me disse que adora amarelo (cor de seu carro e sua casa) e que adora mulher de lingerie rosa. Uma simpatia.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tudo obra do “Menino Jesus”


Casas, escolas, hospitais destelhados e alagados, milhares de famílias com os pertences danificados e moradias destruídas, árvores atiradas ao chão pelos ventos de mais de 100 Km/hora. Sabe de quem isso é obra? Do “Menino Jesus”. Não, não estou louca nem ingeri bebida alcoólica antes de escrever este texto. Este é o significado do nome dado ao fenômeno que está atingindo com muita força a região Sul do país no final deste ano, o El Niño.

O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico, que ocorre a cada quatro ou cinco anos e afeta o clima em todo o mundo. Pode gerar tempestades de neve, enchentes e secas dependendo do local.

Será que Jesus, filho de Deus, criador do universo, tem mesmo relação com o El Niño? Fiquei me perguntando se estes desequilíbrios da natureza acontecem por forças do além ou conseqüência do aquecimento global. Verificando que o fenômeno foi batizado de “Menino Jesus” por pescadores da América do Sul no século XIX, apenas porque os mesmos perceberam que o fenômeno se intensificava na época do Natal, descartei a primeira hipótese.

Pesquisando na internet acabei não achando uma resposta conclusiva sobre a relação do El Niño com o aquecimento global. As opiniões se dividem. Segundo a diretora da Agência Nacional e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), Michelle L'Heureux, não há evidências de que a incidência do El Niño possa estar sendo reforçada pelo aquecimento global. Já pesquisadores sul-coreanos acreditam que o aquecimento global pode mudar a dinâmica do El Niño, tornando-o cinco vezes mais comum.

Nessas horas discordo daquela frase da música dos Engenheiros do Hawaii: “a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza”. Quanto mais conhecimento e informações corretas tivermos sobre o que realmente está acontecendo com nosso clima, poderemos agir, inclusive antecipadamente, para que famílias não percam seus pertences, suas tranqüilidade e, principalmente suas vidas.

* A BBC Brasil veiculou notícia em julho deste ano de prognóstico da NOAA sobre a ocorrência do El Niño no sul do Brasil entre novembro de 2009 e fevereiro de 2010. Será que nossos governantes leram a notícia? Se não leram estão desinformados. Se leram, pior ainda, pois poderiam ter se antecipado ao caos que estamos vivendo em nosso Estado.

Saiba como funciona o El Niño:


http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/afp/2009/08/13/ult4541u79.jhtm