quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Independência ou Morte

Há 187 anos atrás, o Brasil tornava-se independente da Corte Portuguesa através da decisão de permanência do Príncipe Regente, D. Pedro I na antiga colônia. O grito “Independência ou Morte” marcou o rompimento das uniões políticas entre Brasil e Portugal.

No próximo dia 7 de Setembro, o Brasil pára num conveniente feriado para celebrar esta data importante. Porém, fico a me perguntar se nosso país é de verdade independente. A começar pelos nossos políticos, sabemos que um depende de outro, se um abre a boca e revela os atos corruptos de seu colega, pode ser alvo de denúncias. ‘Rabo preso’ não é independência. Um partido que tem ideologias totalmente distintas do outro e precisa do mesmo para ganhar votos e eleger seus candidatos. Isso não é independência.

E quanto ao povo, que é de fato, a cara de nosso país. Quando jovens deixam o Brasil para morar noutro país, por falta de opção, como o exemplo de uma amiga que mudou-se com a família para o Canadá, pois havia sido sequestrada mais de uma vez no Brasil. Falta de escolha não é independência. Pessoas que dependem de uma fila gigantesca para serem atendidas pela rede pública de saúde, com falta de funcionários e leitos. Famílias que dependem de R$ 90,00 do Bolsa Família para ter uma vida bem menos que digna, trabalhadores que perdem horas em filas do banco para receber seus salários, engolindo seco a angústia da espera por um atendimento. Crianças sem transporte para ir à escola, outras sem vagas nas escolas de rede pública, idosos sem remédios que custem o que suas aposentadorias permitem, ruas sem segurança e polícia, estradas mal sinalizadas, justiça que não funciona, trabalhadores quase que escravizados.

Liberdade é quando se pode escolher entre várias opções: o ruim, o mais ou menos, o bom e o ótimo. Quando podemos escolher somente entre o mais ou menos e o ruim não somos independentes.

De fraldas

Mês que vem faço aniversário, mais precisamente, 25 anos. Quando tinha meus dez anos de idade, ficava pensando como eu seria quando completasse meus 25 anos. Imaginava como uma mulher poderosa, segura, inteligente, que saberia o que é ser gente grande e que lidaria bem com qualquer situação. No entanto, a menos de um mês para completar um quarto de século, percebo que não sei muito da vida e que tenho medo de um bocado de coisa e que tenho muitíssimo ainda a aprender sobre tudo.

Estava assistindo o filme “O Curioso caso de Benjamin Button”, e me chamou a atenção na parte em que Daisy está grávida de Benjamin e ele fica angustiado pelo fato de ser uma pessoa anormal, que ao invés de envelhecer, rejuvenesce, ou seja, nasce velho e morre bebê. Benjamin sabe que não poderá acompanhar a juventude de seu filho, já que ele será uma criança quando o filho for uma criança também. Diz a sua esposa que ela não merece cuidar de duas crianças ao mesmo tempo. Ao que a mesma responde algo como:

- Não se preocupe afinal somos todos, no fundo, crianças com fraldas.

Em uma entrevista realizada no início do ano pela Protec – Sociedade Brasileira Pró – Inovação Tecnológica, com a AEB - Associação de Comércio Exterior do Brasil, o presidente da AEB, José Augusto de Castro afirma que 65% do que o Brasil exporta são commodities e que a China exporta hoje 93% de produtos manufaturados, ou seja, ela tem uma política de exportação voltada para produtos de maior valor agregado. A Índia exporta cerca de 80% de produtos manufaturados.

Quanta gente não pensava que o Brasil, com seus mais de cinco séculos de trajetória, ainda seria um país com muitas características coloniais, exportando matéria-prima. “Quem exporta este tipo de produto não tem nenhum controle sobre o preço da mercadoria, nem sobre a quantidade que vai ser exportada. O preço das commodities é definido pelo mercado internacional, através de bolsa de mercadorias ou da lei da oferta e demanda. Ou seja, o Brasil é totalmente dependente do mercado externo”, diz Castro. E eu diria a ele sobre o nosso país:

- Não se preocupe afinal somos todos, no fundo, um país com fraldas.