quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Madrasta


Cheguei em casa e o apartamento do pai estava diferente. Os sofás cor de terra agora davam lugar a estampas coloridas em amarelo, vermelho e branco em tamanhos nada discretos. A cômoda do corredor, onde fica o telefone e as fotos, agora estava preenchida por enfeites pequenos de palhaços, bebês e bichos em miniatura. O jeito de arrumar a disposição dos móveis, a comida da geladeira, a toalha de mesa da cozinha, a capa do galão de água, os tons da cortina, o perfume do bom-ar; tudo mudara.
Eu observava os objetos da casa e eles todos não eram mais os mesmos de quando o pai morava sozinho noutro apartamento.
Eu olhava atravessado enquanto ela ordenava o pai a fazer qualquer coisa.
Minha boca tremia para soltar alguma palavra que o defendesse, mas eu calei seco enquanto olhava o chão encerado com a cor da cera que ela escolhera.

Um comentário:

Thiago Marzall disse...

Que menina mais ciumentinha!