sexta-feira, 16 de março de 2007
O comum é diferente ou o diferente é comum?
Hoje fui comprar ingressos para o Tholl. Quando eu estava atravessando a rua em direção ao Teatro São Pedro, enxergo uma fila quilométrica. Não queria acreditar que teria de enfrentá-la. Falei com a última pessoa, e ela fez positivo com a cabeça quando lhe perguntei se aquela fila era para o espetáculo.
Ainda bem que o calor estava moderado, assim ficou mais fácil esperar 10 minutos para que as pessoas andassem um centímetro. Um homem passou pela longa fila e ficou olhando curiosamente, meio perdido, a fim de saber para o que servia. Ele estava com a boca entreaberta e expressão atenta. Olhando para o amontoado de gente na calçada da rua Riachuelo. Me deu vontade de avisá-lo que era apenas um espetáculo vindo de Pelotas e que parece ser muito bonito. Não era nenhuma super liquidação, não. Nem ninguém estava leiloando carros importados a preço de banana. Mas ele não perguntou para ninguém, e me sentiria tola fazendo isso.
Na mesma hora, pensei que se eu e mais meia dúzia de pessoas ficássemos olhando juntas para um determinado lugar, para o céu, por exemplo, o homem passaria fazendo a mesma cara de curiosidade. E neste momento, ri.
Ri, primeiro porque a curiosidade da gente se eleva quando vimos um amontoado de gente fazendo algo, ou olhando algo. A gente logo quer ver o que é. O que tal coisa tem de bom, de novo ou de surpreendente. Como se quiséssemos, lá no fundo, ser sempre surpreendidos.
Ri também pois quando tem uma aglomerado de gente, queremos ver o que é ou fazer o que estão fazendo para nos sentirmos iguais, comuns, queremos "fazer parte".
Ri disto tudo , não por ser super engraçado ou quase uma comédia. Ri, pela condição humana. Mesmo tendo cabelo verde, piercing no mamilo, tatoo no pulso, roupas diferentes, dente de ouro, pulseira importada, bolsa peruana, boné inglês, queremos ter alguém que se identifique com a gente. Uma pessoa que no meio daquele amontoado de gente, tenha algo em comum e que te desperte a curiosidade mesmo quando ela não estiver junto com meia dúzia de pessoas apontando para o céu.
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